domingo, 5 de agosto de 2012

N.B.


O que Astor Piazzolla, Michel Legrand, Philip Glass, Quincy Jones, Lenox Berkeley, Claudio Santoro, Burt Bacharach, Leonard Berstein, Aaron Copland, Daniel Barenboim e Egberto Gismonti têm em comum? Nada?
Errado. 
Nadia.
Todos eles foram alunos da professora Nadia Boulanger (1887-1979). 


Sua avó era cantora lírica e seu avô violoncelista. Filha de um pianista   com uma princesa russa, essa francesa começou a estudar órgão e composição aos seis anos. Aos dez entrou para o conservatório e começou a reger aos 25 anos, algo incomum para as mulheres naquela época.
Sua irmã mais nova, Lili Boulanger, seguia os passos da família. Em 1913, aos 19 anos,  se tornou a primeira mulher a ganhar o Prix de Rome (Nadia tirara o segundo lugar, cinco anos antes). 
Porém, em 1918, aos 24 anos, Lili morre e Nadia, profundamente abalada, decide nunca mais compor. Neste instante começa a carreira de uma das maiores professoras de música de todos os tempos. Seu alunos a descreveram como  tão exigente quanto afetuosa. Disseram que ela  era capaz de  sugerir mudanças que podiam modificar totalmente a estrutura de uma obra com a mesma simplicidade que oferecia um café. E imediatamente após escutá-la pela primeira vez.


Leonard Berstein beija a mão da mentora

Seu grande amigo, Igor Stravinski, enviava-lhe todas as suas composições tão logo as finalizava para que Nadia pudesse emitir uma opinião.
Como nem ela ou sua companheira Annette Dieudonné, registraram seus alunos particulares conhecemos apenas aqueles que estudaram com ela no Conservatório Americano, em Fointeneblau, e no conservatório de Paris mas mesmo assim a lista é imensa. No excelente documentário Mademoiselle Nadia Boulanger, de Bruno Monsaingeon (disponível no youtube com áudio em francês e legendas em inglês) fala-se em milhares. 



Pequeno trecho do documentário

Nadia foi venerada por muitos de seus pupilos e reconhecida mundialmente. Para se ter uma ideia, em 1967, por ocasião dos seus 80 anos, houve uma apresentação de gala da Ópera de de Monte Carlo (penso que em Monte Carlo todas as apresentações são de gala), com algumas de suas peças favoritas. No programa distribuído aos convidados a reprodução de uma litografia de Marc Chagall onde se lê "Pour Nadia Boulanger 1967", presente encomendado pelo príncipe Rainer e pela princesa Grace.




2 comentários:

  1. Errei my guess, mas, sim, Nadia. Ela já foi detratada também, mas isso nós professores sabemos o que é.

    Só pela gravura do Chagall...

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    1. E como sabemos! Só não conhecemos algo aquivalente aos os príncipes de Mônaco encomendarem uma gravura ao Chagall para nos presentear!

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