quinta-feira, 26 de julho de 2012

COLEÇÃO

 


Coleciono crimes.
Não os dos colarinhos brancos
encardidos de medo e covardia.
Não, desvios de verbas
da saúde ou merenda escolar.

Coleciono crimes que tenham
levado dor e lágrimas de medo
Mas não os cometidos à caneta,
de terno e no ar condicionado.

Coleciono crimes.
Mas não quero os de armas de fogo
e que permitem distâncias.
Quero aqueles onde se podem sentir os hálitos.

Coleciono crimes
com facas, machados,
navalhas, peixeiras
Cometidos com tesouras,
martelos, punhais.
Pela honra ou sem motivos,
importantes ou banais.

Tenho certa predileção
pela degola à moda antiga.
Com espada bem pesada,
vítima de joelhos
chorando e molhando as calças.
Com um só golpe, o algoz separa
cabeça e corpo,
que tombam,
cada um num lugar.

Coleciono crimes
mas faço isso escondido.
Se minha mãe acha esses recortes,
joga,
na hora,
tudo no lixo.

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