sábado, 15 de dezembro de 2012

NUNCA MAIS



O amor é uma droga maravilhosa, e que muda nossa percepção das coisas. O que seria um absurdo é visto como a mais normal das atitudes, o que seria inaceitável passa a ser o padrão. E como qualquer droga tem efeitos colaterais: há quem perca o sono, o apetite, fique com a vista turva, os pensamentos mais ainda. O amor vicia, sua ausência provoca uma grave crise de abstinência. O amor entorpece, emburrece, muitas vezes nos aborrece. E não, o amor não tem cura. 
Ele sabia disso, mas apenas na teoria. E foi preciso um único beijo (ok, uma sequência de beijos que durou umas duas horas) para que tudo aquilo se abatesse sobre ele como uma catástrofe natural, um atentado terrorista, uma invasão alienígena. Naquela noite ele não dormiu, no dia seguinte não conseguiu estudar e nem ver televisão (o que foi considerado particularmente grave por sua mãe). Estava crescendo mas o principal da vida aprendera naquela tarde. Nunca mais seria o mesmo. Nunca mais visitaria Utopia, Shangri-La, Xanadu. Como a praia deserta onde se chega depois de um naufrágio, aquela tarde representara seu renascimento, e aquela boca, a fonte de água doce onde saciara sua sede de dezesseis anos.
Nunca mais veria a vida de forma tão inocente ou esperançosa. Nunca mais haveria outro beijo como aquele (Ah! E como ele procuraria). 
Nunca mais, nunca mais. 

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