O amor é uma droga maravilhosa, e que
muda nossa percepção das coisas. O que seria um absurdo é visto como a mais
normal das atitudes, o que seria inaceitável passa a ser o padrão. E como qualquer droga tem efeitos colaterais: há quem perca o sono, o apetite, fique com a
vista turva, os pensamentos mais ainda. O amor vicia, sua ausência provoca uma
grave crise de abstinência. O amor entorpece, emburrece, muitas vezes nos
aborrece. E não, o amor não tem cura.
Ele sabia disso, mas apenas na teoria. E foi preciso
um único beijo (ok, uma sequência de beijos que durou umas duas horas) para que tudo aquilo se abatesse sobre ele como uma catástrofe natural, um atentado
terrorista, uma invasão alienígena. Naquela noite ele não dormiu, no dia
seguinte não conseguiu estudar e nem ver televisão (o que foi considerado
particularmente grave por sua mãe). Estava crescendo mas o principal da
vida aprendera naquela tarde. Nunca mais seria o mesmo. Nunca mais visitaria
Utopia, Shangri-La, Xanadu. Como a praia deserta onde se chega depois de um
naufrágio, aquela tarde representara seu renascimento, e aquela boca, a fonte
de água doce onde saciara sua sede de dezesseis anos.
Nunca mais veria a vida de forma tão inocente ou esperançosa.
Nunca mais haveria outro beijo como aquele (Ah! E como ele procuraria).
Nunca
mais, nunca mais.
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