quinta-feira, 27 de setembro de 2012

DAQUI





Sábado, oito horas
no sinal fechado
um mar verde acinzentado:
São teus olhos revoltos.
Pelo rádio, uma sonata de Brahms
em cada nota, cada acorde
está o amor à Clara.
Uma frase escrita no pára-choque de um caminhão
não traz graça mas faz sentido:
“Não me siga, estou perdido”
Levada pelo vento, a areia no asfalto,
lembra um balé mal dançado,
uma nuvem de partículas
que se desfaz a cada instante.
A chuva engrossa.
Umas poucas pessoas correm pelo calçadão.
Eu, mesmo indo trabalhar
não as invejo.
Quero fugir daqui.
Mas é impossível.
O aqui sou eu.

 

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