segunda-feira, 1 de abril de 2013

ABRIL É O MAIS CRUEL DOS MESES



Há muitas coisas impossíveis. Uma delas é entrar em abril sem que eu me lembre dos versos iniciais de A TERRA DESOLADA de T. S. Eliot. 

Na tradução de Ivan Junqueira 

Abril é o mais cruel dos meses, germina
Lilases da terra morta, mistura
Memória e desejo, aviva
Agônicas raízes com a chuva da primavera.
O inverno nos agasalhava, envolvendo
A terra em neve deslembrada, nutrindo
Com secos tubérculos o que ainda restava de vida.
O verão; nos surpreendeu, caindo do Starnbergersee
Com um aguaceiro. Paramos junto aos pórticos
E ao sol caminhamos pelas aléias de Hofgarten,
Tomamos café, e por uma hora conversamos.



Por ser um dos poemas mais famosos do mundo (na já distante virada para o terceiro milênio esse poema foi eleito o poema mais importante do século XX) imagino que leitores contumazes de poesia o conheçam então vou aproveitar a postagem para acrescentar uma parte dos QUATRO QUARTETOS, também de Eliot, um dos meus favoritos.


O tempo presente e o tempo passado
Estão ambos talvez presentes no tempo futuro,
E o tempo futuro contido no tempo passado.
Se todo o tempo é eternamente presente
Todo o tempo é irredimível.
O que podia ter sido é uma abstracção
Permanecendo possibilidade perpétua
Apenas num mundo de especulação.
O que podia ter sido e o que foi
Tendem para um só fim, que é sempre presente.
Ecoam passos na memória
Ao longo do corredor que não seguimos
Em direcção à porta que nunca abrimos
Para o roseiral. As minhas palavres ecoam
Assim, no teu espirito.
                      

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