Profundamente inspirado por
El jardín de senderos que se bifurcan,
J.L. Borges, Ficciones, 1944
Percorro caminhos
irrecusáveis
nessa estrada à beira mar
ou será beira amar?
Tangencio precipícios no
temor
de te ver escapar.
Nuvens cinzam
chumbo que não se revela
lastro
mas sim tormenta ao meu
inseguro coração
que se curva como a própria
estrada, e
derrapa nas lembranças.
Arrisco caminhos
inexplicáveis
nesta estrada de nuvens e
nanquim,
mapa que nos descreve
e me percebe.
Pele.
Mais carregadas agora
parecem menores, comprimidas.
São graves, provisórias,
mas que se beijam afirmam:
“Não queremos aguar”.
Aceito caminhos improváveis
nesta noite sem estrelas.
Estrada longa e mais
estreita.
Apenas por aquilo que
dissemos me oriento.
Mas foram tantas coisas!
O tempo sussura em meu ouvido
é tarde!
Sem perceber que esta
confidência
não me faz seu cúmplice,
só me abate.
Percorro caminhos
inexoráveis
nesta noite à meia luz
Pelo retrovisor avisto casas
que brilham os azuis de suas
tevês
e emitem sons extremamente
monótonos.
Finalmente chove!
Meu
rosto não posso secar.
Sigo ansioso por caminhos
imprestáveis
na madrugada recém
acontecida.
Cruzo com viajantes
irrefutavelmente sós
como são os que seres
que habitam essas horas.
No abismo onde a dor de amor
se esconde,
o dia ameaça.
Úmido como meu rosto depois
do choro,
áspero como minhas mãos
que no volante roçam e se
rompem.
Passo por encruzilhadas
implacáveis
onde as opções, mais do que
imperfeitas,
são todas impossíveis.
Vislumbro o sol em seus
primeiros raios
e fixo a visão até que me
cego.
É nessa hora que compreendo
que a viagem
apesar de infinda não foi
perdida.
As de amor nunca são.
E então nestes caminhos
inevitáveis
acelero
e não mais peregrino.
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