Como
lhe embalavam os sonhos
aquelas
cadelas mestiças.
Também
eram o seu tormento.
corriam
tanto, dentro e fora,
da
casa e dela, as vadias,
que
às vezes era como uma obrigação,
nem
valia!
Prosa
era forte
e
leal como cães de cinema.
Poesia,
tão decidida,
era
só temperamento.
Diziam
que sua alma era de gato.
Se
eram irmãs ?
Não
sei dizer nem se pareciam!
Prosa
latia alto
vinha
com novidades
cavucava,
desenterrava miudezas
mas
preferia a prática de guardar portões.
Poesia
era cão de companhia
mas
não trazia chinelos!
Nem
fazia questão de parecer amável.
Nunca
foi ver quem chegava.
Como
não se importavam com as mesmas coisas,
raramente
se estranhavam.
Em
compensação não me lembro de vê-las brincando juntas.
Não
é que Prosa deixasse de ir atrás de uma bola
se
até malabarismos fazia,
daqueles
que abrem sorrisos.
Mas
soava burocrático.
Poesia
vivia a pular em borboletas
e
cheirava as flores do jardim
antes
de fazer pipi em todas elas, e pisoteá-las
porque
no fundo as detestava.
Aliás,
Prosa sempre urinava na garagem,
sobre
uma folha de jornal.
Clarice
cuidava delas desde mocinha
e
era como essas mães que, toda hora,
trocam
os nomes dos filhos.
Trocava
tanto que até elas se confundiam
e
Prosa pensava que era Poesia que pensava que era Prosa
que
pensava…
Num
dia,
desses
tão comuns que irritam a gente
aconteceu
de uma sumir.
De
vez.
Assim
e pronto.
Mas
a que ficou, assumiu.
Tornou-se
soma o que antes era parte
E
agora, era assim:
Prosa
mordia chuva,
Poesia
lambia a cria.
Poucos
notaram,
ninguém
perguntou,
e
só Clarice entendeu.
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