sábado, 26 de janeiro de 2013
COMPARTIMENTO
O que nos move secretamente.
Aquilo que nos acompanha
quando, à noite,
fritamos entre os lençóis.
O que não pode nos sustentar
ou nos salvar
nem ao menos nos apoiar.
Aquilo que guardamos
num compartimento secreto
escondido até (principalmente?)
de nós.
Como um moedor que nos reduz.
Nossa anti-matéria,
nosso lado escuro da lua,
cadernos cheios de versos,
palavras que transbordam danos.
Aquilo que nos derrota diariamente.
O que não deve ser pensado,
ser dito,
sequer imaginado.
Ainda que jamais vivido
é tão vívido!
Ainda que jamais revivido
está tão vivo!
Aquilo que nos acompanha
enquanto fingimos que acreditamos
que amanhã as coisas irão melhorar.
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