Saí para dar uma volta e
passei pelo mercado. Só as lojas do térreo e os escritórios da sobreloja
estavam abertos àquela hora. Zanzei cumprimentando conhecidos e acabei no bar
do outro lado da rua. O balconista era meu xará e servia sozinho aos muitos taxistas
que almoçavam.
"Tudo bem? Tá perdido,
tá?", perguntou enquanto recolhia três pratos e umas tantas travessas de
alumínio com restos de feijão, macarrão e galinha ensopada. Eu gostava do seu
sotaque nordestino e do jeito de terminar quase todas as frases com uma
indagação.
Pedi uma soda limonada e
respondi desanimado "Estou só dando uma volta".
"Xi, o menino tá com
problemas, é? Aposto que é moça bonita bagunçando a cabeça." Falou alto mas
ninguém estava interessado. As conversas sempre eram sobre defeitos nos
carros ou então histórias de passageiros.
Sem graça
respondi "Mais ou menos. Sabe quando você quer ajudar uma pessoa de quem
você gosta muito mas não sabe como?"
"Deixa de bestagem.
É só ficar por perto que você acaba ajudando."
Um dos taxistas que havia
pedido três pastéis para viagem recomendou: "Embrulha bem que eu vou para
longe."
"Vai pro Ceará, vai?
Longe é o Ceará, o resto é só distante."
O taxista riu e disse "Embrulha bem que eu estou indo para um lugar distante."
Paguei a soda e agradeci
o conselho.
Então era isso, era só
ficar por perto.
Voltei pela rua em frente
à igreja, primeiro andando rápido e depois correndo. Cheguei em cinco minutos.
Ofegante e sem saber o que iria dizer, toquei a campainha.
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